“Quanto
tempo passamos conectados na internet?
E desse tempo quanto tempo permanecemos nas redes sociais?” As perguntas fazem
parte do processo filosófico de reflexão quanto à permanência no mundo virtual.
Pesquisando
alguns dados estatísticos quanto ao tempo médio que, nós brasileiros, passamos
conectados na internet e em alguma rede social verifiquei que passamos quase quatro horas por dia na web
(fonte:
http://tecnologia.ig.com.br/2014-03-07/internauta-brasileiro-passa-quase-quatro-horas-por-dia-na-web.html),
já incluído o tempo gasto em redes sociais. Isso significa que dos 100% (cem
por cento) do nosso tempo, passamos quase 30% dele no mundo virtual.
O
mundo virtual tem suas peculiaridades. Ele é atemporal. Um assunto antigo pode
ser postado e lido como se de hoje fosse. Acesse qualquer sítio eletrônico de notícias
da internet sem se atentar para a data de postagem. Não há como saber, para os
leigos como eu, quanto tempo a notícia está ali. Exceto, para os mais atentos, que
observam a forma em que o conteúdo foi escrito, a linguagem utilizada etc. Mas,
via de regra, não se sabe se um assunto postado da internet é antigo ou novo,
quando não possui data. Isso me leva a pensar que passado e futuro no mundo
virtual não possuem relevância. O importante é o presente, “o tempo real”.
Além
disso, o mundo virtual é muito rápido. Tudo em um “clique”. Basta um clique e
pronto, as coisas estão ali diante dos olhos. E mais, não precisamos nos preocupar
em memorizar nada. Caso precise saber ou fazer alguma coisa procure no “Google”,
o oráculo da “World Wide Web”, e ele rapidamente te mostrará e ensinará. Pensando
nisso lembrei-me dos inúmeros aplicativos existentes, os apps, para as mais variadas coisas e tarefas. Enfim, existem
inúmeras peculiaridades conhecidas de todos.
Quanto
às redes sociais suas peculiaridades atendem em muito à fantasia humana. Lá
podemos ser qualquer coisa. Construímos uma personagem para nos relacionar com
as pessoas. Não existem pessoas tristes, malsucedidas, problemáticas. Todos
estão virtualmente bem. Óbvio que existem as exceções, mas são minoria.
Podemos,
além de ser, estar em qualquer lugar. Posso estar num albergue horrível,
fedido, mal iluminado em Paris – França, me sentindo triste, angustiado e
sozinho, e postar um selfie na Torre
Eiffel com um largo sorriso no rosto, a fim de que outros deem um like (curtir) no meu “Facebook”.
E
quando virtualmente adentramos em diálogos desconfortáveis, contrários às
nossas opiniões, simplesmente damos um “block”
(ou bloqueamos) àqueles que divergem de nossas opiniões. Sim, os excluímos do
nosso meio virtual e mantemos os pares. As relações interpessoais tornaram-se
altamente utilitaristas, nos relacionamos quando tão somente nos convém, não
permitindo que opiniões contrárias nos deixem desconfortáveis, sendo estas a
que permitem o amadurecimento e evolução social.
O
mundo virtual rompeu a barreira da distância e do tempo. A distância física não
é óbice para aproximação de coisas e pessoas. E o tempo já não existe, tudo lá está
“eternizado”. Mas esta aproximação física de coisas, pessoas e eternização de
fatos, informação e conhecimento não parecem que contribuiu para a aproximação
afetiva, humana. Ao contrário segregou os seres humanos.
Meu
convite é para que redescubramos àquele mundo, o outro, o opaco, obsoleto,
ofuscado; àquele que nos torna seres humanos melhores, onde temos de olhar nos
olhos do outro para nos vermos. Falo do “mundo real”. E para quê? Para sermos
curados de algumas enfermidades da alma que só os relacionamentos não virtuais curam,
como por exemplo, a solidão, o medo, alguns tipos de depressão, as doenças da psique
etc.
Que
tal ligar e marcar de tomar um café com alguém? Mas sem levar qualquer
dispositivo móvel conectado a internet? Ou então escrever uma carta à mão e
postar no correio (físico) para alguém? Não temos tempo para isso ou não
queremos sair da nossa zona de conforto? Ninguém disse que fazer essas coisas
seria fácil, mas absolutamente necessárias.