Terminei de ler um livro sobre finanças chamado “Casais inteligentes enriquecem juntos”, autor GUSTAVO CERBASI. Apesar de ser voltado para finanças domésticas, sobretudo para casais, abstraí coisas interessantes e relevantes.
O livro não trata somente de questões triviais sobre o modo como devemos administrar nossos recursos, mas propõe algumas reflexões sobre o dinheiro, sua quantidade e administração. Sugiro que todos leiam o citado livro, pois não é dirigido apenas a casais, mas a todos que querem aprender mais sobre suas finanças.
Um ponto interessante em que o autor me levou a reflexão é que no Brasil não se estuda nas escolas a respeito das finanças pessoais e domésticas. Isso é um fato que me leva a pensar em várias coisas, mas comentarei apenas uma.
Refletindo no porque o Brasil, meu país, não estabeleceu ou criou como disciplina nas escolas de ensino fundamental e médio a questão das finanças e sua administração faz-me ver o lado sombrio do capitalismo.
No capitalismo alguém “paga a conta”, alguém perde para que outro ganhe. Isso é normal. Consigo aceitar com tranqüilidade a sistemática e mecanismo do capitalismo. De um lado temos o que detêm o capital, o capitalista, e do outro lado temos o que não detêm o capital, o assalariado. Assim o dicionário Houaiss define capitalismo:
1. Rubrica: economia. Sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro.
2. Rubrica: economia, sociologia. Sistema social em que o capital está em mãos de empresas privadas ou indivíduos que contratam mão-de-obra em troca de salário.
Não vejo problema em viver no capitalismo. Mesmo porque não tenho como escolher outro modelo. Nasci neste sistema e talvez seja o que mais sofreu mutações em toda a história dos modelos econômicos sem perder sua essência.
O que fiquei me indagando é porque nosso país não tem a cultura de poupar dinheiro. Constituir poupança? Segundo o autor do livro se isso ocorresse, ou seja, toda a população poupasse dinheiro, teríamos alguns reflexos diretos na inflação e taxa de juros. Não seríamos um país tão especulado economicamente.
Mas ao contrário, somos levados pela mídia a consumir freneticamente. Compelem-nos a gastar não só tudo que possuímos, mas também contrair empréstimos para comprar coisas que não precisamos, mas possuem elevado status social. E as compras parceladas? Quem não está pagando algum carnezinho? Tudo isso contribui para a manutenção da pobreza econômica deste país.
Precisamos fazer algo. Devemos nos educar. Buscar informação e conhecimento para não só administrar melhor nossas finanças, mas mudarmos este quadro de pobreza em que vive o Brasil, pois agimos como se não houvesse importância poupar dinheiro. E do outro lado da ponta da linha do capitalismo outros países se deleitam do nosso esforço e trabalho e nossa máquina estatal continua sendo uma das mais caras do mundo.
Talvez eu não tenha estabelecido uma relação lógica tão clara entre poupar dinheiro, capitalismo e consumo. O capitalismo é o sistema econômico em que todos estão inseridos. E para que exista alguém tem de gastar e o outro deter capital, dinheiro. Quando optamos por deter dinheiro forçamos a economia mudar a nosso favor. Ela passa a diminuir o valor de alguns produtos, serviços, tributos, despesas etc. Para isso não devemos ceder aos apelos de consumos.
E quando citei a questão da máquina estatal, digo que ela não é cara somente por ser excessivamente burocrática, mas porque ela está inserida no contexto sombrio desse capitalismo que vivemos. O Estado deveria ser o maior interessando em educar seu povo economicamente. E porque isso não acontece? Mas esta é outra reflexão...